O PROJETO
A nível internacional as línguas gestuais começaram a ser investigadas academicamente a partir dos anos 60 do século XX pela mão do linguista William Stokoe que efetuou uma descrição gramatical da American Sign language e mais tarde nos anos 70 e 80 do mesmo século por Edward Klima e Ursula Bellugi ao nível neurobiológico. Estes trabalhos de referencia viriam a provar que as línguas gestuais eram verdadeiras línguas de enorme complexidade gramatical com igual estatuto das línguas orais e como tal deveriam ser utilizadas na educação das crianças e jovens surdos.
Em Portugal, a primeira tentativa de utilização da LGP na educação data de 1985 na escola A-da-Beja mas acabou por não ter tido repercussões a nível nacional tendo uma curta existência.
Pode afirmar-se que foi na CPL/CEDJRP que a partir de 1993 a LGP foi recuperada da clandestinidade, passando a ser utilizada de forma estruturada na educação de surdos e em conjunto com a língua portuguesa dava origem às primeiras tentativas de implementação da educação bilingue em Portugal com grandes repercussões em Portugal. Era a mudança de paradigma na educação de surdos no nosso país.
O sucesso da génese deste modelo na CPL prende-se com diversos factores que passamos a enunciar:
- Grande experiência acumulada na educação de crianças e jovens surdos.
- O CEDJRP/CPL dispunha da maior população de surdos a nível nacional.
- O modelo de educação bilingue foi estruturado em fortes alicerces científicos.
- Grande investimento na formação em LGP dos docentes, técnicos e pessoal auxiliar fornecendo um ambiente verdadeiramente bilingue.
- Criação de equipas de intervenção precoce em articulação com os hospitais.
- Implicação dos formadores surdos na aplicação do modelo.
Todavia, ao longo dos primeiros anos da aplicação deste modelo de ensino detetaram-se diversos problemas.
Desde logo foi diagnosticado que as crianças surdas chegavam em idades muito avançadas à escola sem a aquisição de qualquer língua fosse a LGP ou a LP. A segunda lacuna identificada foi que os docentes e técnicos que trabalhavam com crianças e jovens surdos não dominavam a língua natural destas crianças, a LGP, sendo por isso necessária a formação destes docentes e técnicos. O terceiro problema identificado foi a inexistência de vocabulário em LGP para leccionar as disciplinas curriculares sendo necessária a criação de terminologia para os conteúdos escolares. Deve salientar-se que até 1993 os alunos surdos raramente alcançavam além do 4º ano de escolaridade e ingressavam desde cedo no mercado de trabalho não frequentando o 2º ciclo, 3º ciclo e o ensino secundário e por essa razão nunca houve a necessidade de se criarem termos para os conceitos-chave que compõem os currículos desses níveis de ensino. O quarto problema identificado foi a inexistência de materiais pedagógicos bilingues para os professores trabalharem e para os alunos estudarem de forma autónoma.
A CPL e particularmente o CEDJRP ao detectar essas lacunas reuniu um conjunto de professores surdos e ouvintes proficientes em LGP e conhecedores dos conteúdos curriculares no sentido de dar respostas eficazes para os problemas identificados mantendo a sua tradição de vanguarda neste tipo de ensino e uma referência nacional.
criando a Unidade de Investigação da CPL/CEDJRP
Assim, em 2005 do CEDJRP que tinha na época como grande objectivo a criação de materiais pedagógicos bilingues (LGP e LP) desde a educação pré-escolar até ao 12º ano, lacuna que existia e existe na educação de surdos a nível nacional. O objectivo era construir materiais pedagógicos bilingues que pudessem ser testados e aplicados em sala de aula contribuindo desta forma para o desenvolvimento da educação de surdos no CEDJRP e a nível nacional.
Em 2011 o CEDJRP inicia conversações com a Fundação PT no sentido de encontrar a melhor forma de publicar e disseminar o material construído desde 2005 d euma forma tecnológica apropriada e modernizada. Prontamente a Fundação PT aceitou o desafio e os materiais passaram a ser disponibilizados numa plataforma da Sapo e que se passou a chamar "Academia LGP".
No ano de 2016 e após um inquérito nacional efetuado pela Unidade de Investigação do CEDJRP com o objetivo de apurar a opinião dos utilizadores sobre a plataforma e recolher propostas de melhoramento foi criada uma nova plataforma mais interactiva e com diversos links e hyperlinks que estamos agora a desenvolver.
Desta forma a Academia LGP disponibiliza à comunidade surda e ouvinte centenas de vídeos de matemática, físico-química e história e Educação Visual e Tecnológica, filosofia, desporto entre outras disciplinas para os diversos anos de escolaridade. Os vídeos estão em formato bilingue, ou seja, em português (escrito e oral) e em Lingua Gestual Portuguesa (LGP).
Através deste projeto são difundidos, novos gestos (neologismos) propostos para os conceitos escolares e respetivas explicações dos conceitos. O projeto permite dar um salto qualitativo na comunicação e proximidade com a comunidade surda, permitir o acesso aos conteúdos escolares das disciplinas curriculares através das duas línguas de comunicação da comunidade surda (a LGP e o português), permitir que os alunos surdos possam estudar pela primeira vez de forma autónoma através da sua língua natural, a LGP e que os familiares destes alunos possam acompanhar os estudos dos seus educandos, bem como ampliar o conhecimento do funcionamento linguístico da Língua Gestual Portuguesa.
Em Portugal, a primeira tentativa de utilização da LGP na educação data de 1985 na escola A-da-Beja mas acabou por não ter tido repercussões a nível nacional tendo uma curta existência.
Pode afirmar-se que foi na CPL/CEDJRP que a partir de 1993 a LGP foi recuperada da clandestinidade, passando a ser utilizada de forma estruturada na educação de surdos e em conjunto com a língua portuguesa dava origem às primeiras tentativas de implementação da educação bilingue em Portugal com grandes repercussões em Portugal. Era a mudança de paradigma na educação de surdos no nosso país.
O sucesso da génese deste modelo na CPL prende-se com diversos factores que passamos a enunciar:
- Grande experiência acumulada na educação de crianças e jovens surdos.
- O CEDJRP/CPL dispunha da maior população de surdos a nível nacional.
- O modelo de educação bilingue foi estruturado em fortes alicerces científicos.
- Grande investimento na formação em LGP dos docentes, técnicos e pessoal auxiliar fornecendo um ambiente verdadeiramente bilingue.
- Criação de equipas de intervenção precoce em articulação com os hospitais.
- Implicação dos formadores surdos na aplicação do modelo.
Todavia, ao longo dos primeiros anos da aplicação deste modelo de ensino detetaram-se diversos problemas.
Desde logo foi diagnosticado que as crianças surdas chegavam em idades muito avançadas à escola sem a aquisição de qualquer língua fosse a LGP ou a LP. A segunda lacuna identificada foi que os docentes e técnicos que trabalhavam com crianças e jovens surdos não dominavam a língua natural destas crianças, a LGP, sendo por isso necessária a formação destes docentes e técnicos. O terceiro problema identificado foi a inexistência de vocabulário em LGP para leccionar as disciplinas curriculares sendo necessária a criação de terminologia para os conteúdos escolares. Deve salientar-se que até 1993 os alunos surdos raramente alcançavam além do 4º ano de escolaridade e ingressavam desde cedo no mercado de trabalho não frequentando o 2º ciclo, 3º ciclo e o ensino secundário e por essa razão nunca houve a necessidade de se criarem termos para os conceitos-chave que compõem os currículos desses níveis de ensino. O quarto problema identificado foi a inexistência de materiais pedagógicos bilingues para os professores trabalharem e para os alunos estudarem de forma autónoma.
A CPL e particularmente o CEDJRP ao detectar essas lacunas reuniu um conjunto de professores surdos e ouvintes proficientes em LGP e conhecedores dos conteúdos curriculares no sentido de dar respostas eficazes para os problemas identificados mantendo a sua tradição de vanguarda neste tipo de ensino e uma referência nacional.
criando a Unidade de Investigação da CPL/CEDJRP
Assim, em 2005 do CEDJRP que tinha na época como grande objectivo a criação de materiais pedagógicos bilingues (LGP e LP) desde a educação pré-escolar até ao 12º ano, lacuna que existia e existe na educação de surdos a nível nacional. O objectivo era construir materiais pedagógicos bilingues que pudessem ser testados e aplicados em sala de aula contribuindo desta forma para o desenvolvimento da educação de surdos no CEDJRP e a nível nacional.
Em 2011 o CEDJRP inicia conversações com a Fundação PT no sentido de encontrar a melhor forma de publicar e disseminar o material construído desde 2005 d euma forma tecnológica apropriada e modernizada. Prontamente a Fundação PT aceitou o desafio e os materiais passaram a ser disponibilizados numa plataforma da Sapo e que se passou a chamar "Academia LGP".
No ano de 2016 e após um inquérito nacional efetuado pela Unidade de Investigação do CEDJRP com o objetivo de apurar a opinião dos utilizadores sobre a plataforma e recolher propostas de melhoramento foi criada uma nova plataforma mais interactiva e com diversos links e hyperlinks que estamos agora a desenvolver.
Desta forma a Academia LGP disponibiliza à comunidade surda e ouvinte centenas de vídeos de matemática, físico-química e história e Educação Visual e Tecnológica, filosofia, desporto entre outras disciplinas para os diversos anos de escolaridade. Os vídeos estão em formato bilingue, ou seja, em português (escrito e oral) e em Lingua Gestual Portuguesa (LGP).
Através deste projeto são difundidos, novos gestos (neologismos) propostos para os conceitos escolares e respetivas explicações dos conceitos. O projeto permite dar um salto qualitativo na comunicação e proximidade com a comunidade surda, permitir o acesso aos conteúdos escolares das disciplinas curriculares através das duas línguas de comunicação da comunidade surda (a LGP e o português), permitir que os alunos surdos possam estudar pela primeira vez de forma autónoma através da sua língua natural, a LGP e que os familiares destes alunos possam acompanhar os estudos dos seus educandos, bem como ampliar o conhecimento do funcionamento linguístico da Língua Gestual Portuguesa.