GIL VICENTE
"O AUTO DA ÍNDIA"
Muito contente com essa informação, a Ama promete oferecer à Moça uma touca de seda e, embora o marido lhe tenha deixado trigo, azeite, mel e panos “para três anos”, a Ama decide ter uma vida de prazeres e continuar a enganar o marido com dois amantes.
A Ama recebe em sua casa o Castelhano, um dos dois amantes, que lhe faz uma declaração de amor. Como fica muito satisfeita com as palavras dele, a Ama combina um novo encontro “às nove horas e não mais” e pede que ele atire uma pedrinha à janela. O Castelhano vai-se embora e chega o Lemos, o outro amante, um amor fiel e antigo da Ama. |
Em traços gerais, a história é sobre uma jovem esposa (a Ama) que trai o seu marido (o Amo) e que aproveita a ausência dele na viagem e estada na Índia, para continuar, em Lisboa, a traí-lo com dois homens, o Lemos e o Castelhano. Nesta sua vida de aventuras amorosas, a Ama tem a cumplicidade da sua criada (a Moça). O Auto começa com a Ama a chorar porque ouviu dizer que o seu marido não tinha partido no barco para a Índia. Para ter certeza de que essa informação era verdadeira, a Ama manda a Moça ir saber notícias corretas. A rapariga regressa com a confirmação de que o Amo partiu na armada para a Índia.
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Tal como combinado, o Castelhano atira as pedrinhas à janela, mas o Lemos está ainda em casa da Ama. Assistimos, então, a uma situação cómica: a Ama ora fala com um ora fala com outro, enganando os dois, o que leva a Moça a dizer: “Um na rua, outro na cama”.
Logo a seguir, e apesar das promessas da Ama de que, enquanto o marido estivesse fora, ela “iria fiar e cantar”, aparece a Moça com a notícia de que a nau (barco) que levou o Amo à Índia tinha chegado e estava já no Restelo. A Ama fica desesperada e pede à Moça para ir comprar vinho e meio cabrito para festejar o regresso do marido. O marido chega a casa “negro e tostado”, bastante cansado e cheio de saudades da sua esposa. O Amo conta-lhe todos os problemas que teve durante a viagem e a Ama mente-lhe dizendo que “…eu cá esmorecer, fazendo mil devoções, mil choros, mil orações…” Ela diz-lhe também que teve uma vida tranquila, sem diversões, tendo sido fiel. Logo a seguir, pergunta ao marido se ele vem rico. No entanto, ele responde que além das histórias para contar, trouxe pouca coisa.
A esposa mente novamente dizendo que o que é importante é que ele tenha chegado vivo e que isso é a maior riqueza que se pode ter.
Logo a seguir, e apesar das promessas da Ama de que, enquanto o marido estivesse fora, ela “iria fiar e cantar”, aparece a Moça com a notícia de que a nau (barco) que levou o Amo à Índia tinha chegado e estava já no Restelo. A Ama fica desesperada e pede à Moça para ir comprar vinho e meio cabrito para festejar o regresso do marido. O marido chega a casa “negro e tostado”, bastante cansado e cheio de saudades da sua esposa. O Amo conta-lhe todos os problemas que teve durante a viagem e a Ama mente-lhe dizendo que “…eu cá esmorecer, fazendo mil devoções, mil choros, mil orações…” Ela diz-lhe também que teve uma vida tranquila, sem diversões, tendo sido fiel. Logo a seguir, pergunta ao marido se ele vem rico. No entanto, ele responde que além das histórias para contar, trouxe pouca coisa.
A esposa mente novamente dizendo que o que é importante é que ele tenha chegado vivo e que isso é a maior riqueza que se pode ter.